Diversidade musical marca o oitavo Grito Rock Goiânia

 Logo na primeira noite da 8ª edição do Grito Rock Goiânia, muita distorção, moshs e som pesado!

Texto: Ney Hugo (Fora do Eixo)

14 bandas em uma noite, não é pra qualquer carnaval! Conhecida como a Seattle brasileira, a edição do Grito Rock Goiânia mostrou a força de uma cena potente! De todas as 28 bandas que se apresentaram, apenas duas vieram de fora de Goiás, da Áustria e UK!

A primeira noite encerrada com a prata da casa Black Drawing Chalks mostra a força do celeiro goiano. Publico presente, acompanhando e cantando junto, verdadeiro combustível da cultura alternativa pulsante e de constante emergência em Goiânia. Entre os 14 shows destacaram-se as bandas Boca Seca, que agitou o público ao som da mistura do Rap com a cultura local do “pé rachado”, o rock’n roll da Lady Lane, The Anders, Mad Matters, o Folk mega performático da banda Shotgun Wines, o Deathcore da Aurora Rules, a gringa Sahara Surfers (AUS), o som pesado e alucinante do trio Overfuzz. Por fim, fechando a primeira noite, Black Drawing Chalks, que foi recentemente escalada para o Festival Primavera Sounds. Extasiados! Já beirava as 4 da manhã e boa parte do público permaneceu no histórico Martin Cererê até o fim!

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No domingo, o Grito Rock Goiânia ia chegando ao fim em grande estilo! Completando 28 shows (14 em cada dia) de estilos variados, de punk e metal ao rap, samba e até funk, tudo fruto de uma curadoria qualificada da produtora Fósforo Cultural que coloca algumas bandas conhecidas do público ao lado de bandas gringas e uma verdadeira avalanche de bandas novas, que não param de surgir no incrível cenário goiano.  Algumas dessas bandas estavam fazendo o seu primeiro ou segundo show da vida, e já com um público excelente, em aspectos quantitativo e qualitativo.

Os destaques da segunda noite do Grito Gyn ficaram por conta do rap pressão dos “encapuzados” do Patrick Horla, o metal experimental de A Ultima Theoria, o rap/reggae/samba/funk do genial Calango Nego, o eletro-orgânico do Tropical Lips(UK), o emocionante e cheio de poesia show de Diego de Moraes, o Mascate, que revelou estar voltando ao seu berço, o Martim Cererê, no momento em que vive uma segunda infância, após ter “nascido de novo” após um acidente há alguns meses.

Encerrando em alto nível, os Boogarins tiveram no Grito Rock o início de uma turnê de 50 datas por América Latina e Europa, tocando praticamente de segunda a segunda. Promete!

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Após o fim de semana agitadíssimo de Grito Rock no Martim Cererê, na segunda de carnaval, a Lua Alá, uma escola de samba de muitas décadas, homenageou em seu enredo o Carlos Brandão, poeta, músico e conhecido também como um ícone do Martim Cererê.

Além de alas como “o véi é rock”, “amigos do Brandon Lee”, entre outras, o samba mencionava um famoso e hilário pixo nos muros do Martim, frase que acabou virando o nome do disco de Carlos Brandão: “cai pro pau gordin mané”. Não há dúvidas que aqui a música alternativa se inseriu definitivamente no calendário e imaginário cultural da cidade!

Após o intervalo na segunda o Grito Rock voltou com a “Ressaca do Grito Rock Goiânia”, parceria da Construtora com a Fósforo, com ninguém menos que Móveis Coloniais de Acaju tocando clássicos do axé brasileiro dos anos 90. Antes do show o set list dos DJs ja causavam o delírio do público com mash up do universo rock’n’roll e indie com axé, funk e lepo lepo. Ninguém nunca imaginou ver o Martim Cererê lotadaço com centenas entoando beijinho no ombro a plenos pulmões. O clima estava perfeito para o show do Móveis, que em dois shows (1 hora, um pequeno intervalo, e mais uma hora) trouxe clássicos de Araketu, Daniela Mercury, Netinho de Paula, Asa de Águia, entre outros.

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Sem dúvida o Grito Rock Goiânia foi um marco em termos de música. Nas palavras de João Lucas, da Fósforo, “ja tínhamos quebrado paradigma de sexualidade, de religião, e agora musical. Isso tem uma importância gigante pro que o Grito significa. O rock sempre foi isso, ele é axé, ele é funk, ele é tudo… o rock foi a primeira coisa a quebrar com o preconceito, a primeira coisa pra agregar. É por isso que mesmo com tanta diversidade, o Grito continua sendo rock”.